sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Edwin Honig Poeta




 DÁDIVAS DE LUZ



Antes que as palavras
pudessem servir de conforto
uma definitiva amargura
dissipá-las-ia


- Ninguém apreende
o que está além de si

nem como
na mão quente
que lhe sustém o pensamento

o gérmen seu irmão
mata instantaneamente


Sempre
além da fala
e da cópula
há a guerra
e a morte


O criminoso
sobrevive à vítima
para se tornar
um homem tranquilo


Nenhum homem é
em si próprio
o inocente
que supõe ser


Há sempre
a guerra

o insignificante
reduzindo a lixo o essencial
o incêndio submerso
em densas espirais

e o desenho diluindo-se
sem o divisarmos
com a plenitude final
já à vista


Não há seres
interiores ou exteriores

só o frenesim dos anseios
bruxuleando
ao longo dos corredores
pelas infindáveis trevas


Na luz
não há coração

só a degradação
e a dissipação
da sempre mesma luz


Sempre
a guerras prestes a eclodir
toda a luz
desaparece de repente

todo o pensamento
se esvazia


Não há
primeiros nem últimos

só o amargo fim


(de Dádivas de Luz, tradução de António Ramos Rosa, editorial Caminho, 1992 - Caminho da Poesia)


Pacific Grove

In the meadows
sharks
in the wells
antelopes

in the sky
peelings
of wet oranges
and windows

the windows
blue winds
sharpen

eye lapsing
breath battling
in the hills

gone


Pinch-hitting

“Nothing you do
becomes you”  —

but I with decades
of living it up

believe you that true
should always win

while I still being here-
and-there in the game

to go on tying the score
with short hits and runs

add sure — hoping
that’ll do in a pinch


To Infinite Eternity

          I

Death is closer
to infinite eternity
than life is

and each life closer
to each least breath
than the blankness of
infinite eternity itself

          II

To think blankness
rouses certain terror
and in the feeling
the sudden sense

of self responding
down to the smallest
unaided particle

of its existence
as answer to
the blankness of
sure nonexistence

          III

Then infinite eternity
may be the opposite
of felt existence

durable as any
measurably
felt time

          IV

I say hello
to myself

and to break
the terror

of nonexistence
I restore my self

to existence whatever
the consequence

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