domingo, 5 de setembro de 2010

POETA FERREIRA GULLAR LANÇA LIVRO, GANHA O PRÊMIO CAMÕES E COMPLETA 80 ANOS

Poeta lança 'Em Alguma Parte Alguma' na semana em que completa 80 anos.







Prestes a completar 80 anos, o poeta Ferreira Gullar, Prémio Camões 2010, está em plena forma e vitalidade ao comemorar o mês de aniversário com o lançamento do livro Em Alguma Parte Alguma.A obra encerra um jejum de onze anos do autor sem publicar poesias. Seu último livro no gênero foi "Muitas Vozes", de 1999.

O escritor disse discordar da ideia de que fazer poemas seja um ato doloroso. Para ele, o poeta pode até criar algo a partir da dor, mas sente prazer quando consegue transferi-la para o papel. "O poeta escreve para se livrar de uma emoção. Ninguém consegue ficar emocionado o tempo todo", disse.

De acordo com ele, esta dor é um elemento que ajuda o leitor a se identificar com o texto, já que ele reconhece um sentimento que também viveu transfigurado nos versos.

Em sua fala, Gullar se entusiasmou ao defender a ideia de que os poetas estão mais próximos da verdade. Para o escritor, ao contrário dos filósofos que precisam apresentar coerência em seu raciocínio, poetas têm liberdade para entrar em contradição o tempo todo, uma vez que seu compromisso é apenas com o que estão sentindo.

"O poeta não acredita na verdade com 'v' maiúsculo, ele sabe que o mundo é caótico e não tem explicação, por isto está mais receptivo a apreendê-lo tal como ele é", disse.

FRASE DE FERREIRA GULLAR : "EU NÃO QUERO TER RAZÃO, EU QUERO SE FELIZ"

Ferreira Gullar foi o vencedor do Prêmio Camões da edição 2010, a maior honraria das letras lusófonas. O prêmio, no valor de 100 mil euros, foi criado em conjunto por Brasil e Portugal em 1989, e homenageia um escritor a cada ano por sua obra.

O anúncio foi feito no dia 31 de agoto, em Lisboa, Portugal, pela ministra da Cultura daquele país, Gabriela Canavilhas.

Além de poeta, Gullar, que faz 80 anos no dia 10 de setembro, também é conhecido pela crítica de arte e dramaturgia. Ele ainda escreveu ensaios, crônicas, memórias e até ficções curtas. Sua obra “Poema sujo”, escrito no exílio em 1975 e publicado apenas em 1976, mistura lembranças da sua infância no Maranhão com questões políticas.

Em 2007, foi vencedor do Prêmio Jabuti. É também ganhador, pelo conjunto de sua obra, do Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras.