quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BRILHO DE UMA PAIXÃO-JOHN KEATS



Adorei o filme BRILHO DE UMA PAIXÃO que conta a curta vida do poeta inglês John Keats. Considerado um dos maiores nomes do romantismo na Inglaterra, Keats era belo e visceral, seus poemas sangram, latejam e o filme mostra bem o amor obsessivo do poeta por sua amada.



Sua obra divide-se entre as freqüentes referências à morte e um intenso sentimento de prazer com a vida. Influenciado pelos poetas gregos do período helênico, como Homero, bem como pelos poetas elizabetanos e ingleses do século XVI, persegue a perfeição estética. Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo romântico, por imagens vibrantes, de grande apelo sensual, e pela expressão de aspectos da Filosofia clássica. Nasce em Londres. Fica órfão ainda criança e passa a ser criado em Edmonton por um tutor, que o transforma em aprendiz de cirurgião. Volta em 1814 para Londres, onde trabalha como assistente de cirurgia em dois hospitais. A partir de 1817, decide abandonar a Medicina e dedicar-se inteiramente à poesia. No mesmo ano publica seu primeiro livro, Poems , marcado por concepções ultra-românticas, mas não obtém sucesso. Em 1818, lança Endymion e inicia a produção de seu maior poema, Hyperion, que não chega a concluir devido aos primeiros sinais da tuberculose. Não obtém reconhecimento em vida, sendo cultuado apenas após sua morte, aos 26 anos.

Soneto

Quando fico a pensar poder deixar de ser antes que a minha pena haja tudo traçado, antes que em algum livro ainda possa colher dos grãos que semeei o fruto sazonado; quando vejo na noite os astros a brilhar - vasto e obscuro Universo, impenetrável mundo! - quando penso que nunca hei de poder traçar sua imagem com arte e em sentido profundo; quando sinto a fugaz beleza de alguma hora que não verei jamais – como doce miragem – turva-se a minha mente, e a alma em silêncio chora um impulsivo amor. E a sós, me sinto à margem do imenso mundo, e anseio imergir a alma em nada até que a glória e o amor me dêem a hora sonhada!

Trecho do poema "Endymion": trad. p. Augusto de Campos Endymion (trecho)

O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma.
O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa vida.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Adoro poésia principalmente quando o autor tem senssibilidade para falar do amor ideal,mágico e perfeito, até o leito de morte, esse é o poeta que mais adimiro...xxx

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  3. Simplesmente linda... quando leio é como se a alma viesse ao meu encontro...habitando o meu ser. Esta poesia nos aproxima de nós mesmo. Viva John Keats

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  4. Vi o filme pela primeira vez e me encantei com a sensibilidade e a sensualidade do filme, e quando li os poemas do Keats mergulhei numa viagem ao passado é como se tivesse voltado aquela inocência de criança e parado na descoberta do amor, da sensualidade sensível e ao mesmo tempo ardilosa de uma adolescente aos 15 anos. Fantástico.

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