quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

RECEITA DE ANO NOVO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Para você ganhar
um belíssimo Ano Novo cor de arco-íris,
ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação
como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)

para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)

novo espontâneo,
que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama,
se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa, justiça
entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro,
tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo,
eu sei que não é fácil,
mas tente,
experimente, consciente.

É dentro de você
que o Ano Novo cochila
e espera
desde sempre.

4 comentários:

  1. Concordo do começo ao fim. É tudo isso mesmo. É tudo uma questão de forum íntimo. Desejo a você minha queridona amiga, que 2012 traga a realização dos seus objetivos. Chveid disse que esse ano de 2012 será porreta e o mantra a ser dito em seu decorrer é:"Eu te Adoro 2012". Não é bárbaro? Mil beijinhos pra você e a todos.

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  2. Valeu SÔ!!!!!!!!!!!!!EU TE ADORO 2012!!!!!!!!!!
    BJS

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  3. Os poemas do Drummond são poesias na calmaria.
    São poemas casados com poesias, são vivos como Jesus, falam de Zés e de doutores,
    São também deliciosos como vinho e uma bela moqueca capixaba.
    Os poemas do Drummond eu queria tê-los, criá-los mas não teria tal conjuntura com meu português ruim.

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